Filme: Confidências Muito Íntimas - Psicanálise e cinema - Por Fátima Cinara de Souza Almeida
- Fátima Cinara de Souza Almeida
- 15 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de abr.
Confidências Muito Íntimas", dirigido por Patrice Leconte, é um filme que mergulha nas complexidades do desejo humano e das relações interpessoais, temas que refletem fortemente nas teorias de Freud e Lacan. A narrativa gira em torno de um psiquiatra e sua paciente, revelando segredos e anseios que desafiam as fronteiras entre o profissional e o pessoal. A partir da perspectiva freudiana, o filme explora a noção de transferência, na qual a relação entre analista e analisando é marcada por emoções intensas e confissões que revelam os conflitos internos dos personagens. O desejo reprimido e as dinâmicas familiares, centrais no pensamento freudiano, são palpáveis nas interações entre os protagonistas, destacando a luta entre o que é socialmente aceitável e os impulsos instintivos.
A abordagem lacaniana acrescenta uma camada de complexidade à análise do filme. Lacan enfatiza a importância do desejo e da linguagem na formação do sujeito, e "Confidências Muito Íntimas" Ilustra a comunicação e a falta de palavras podem moldar as relações humanas. A protagonista, ao compartilhar suas confidências, não apenas busca compreensão, mas também tenta preencher um vazio existencial. Esta busca incessante pelo "objeto a", uma ausência inatingível, permeia a história, evidenciando a delicadeza das relações e o desafio de conexões genuínas. A estrutura do filme, que alterna entre momentos de revelação e de silêncio, reflete a dialética entre o desejo e a impossibilidade de satisfação plena.
Por fim, "Confidências Muito Íntimas" serve como uma ilustração das teorias psicanalíticas de Freud e Lacan, oferecendo uma reflexão sobre a condição humana. O filme promove reflexões sobre desejo, identidade e comunicação, mostrando que dividir segredos pode gerar tanto vínculo quanto desconforto. Enriquecido por diálogos refinados e desempenhos envolventes, este não é apenas um mero entretenimento, mas transforma-se em um fascinante estudo sobre a mente humana e suas complexas interligações interpessoais.
Fátima Cinara de Souza Almeida
É médica veterinária de formação, mestre em Patologia Animal pela UnB, com especialização em Medicina Veterinária Legal e Perícia Criminal. Atuou na área de Medicina Veterinária Legal e dedicou-se à pesquisa. Após alguns anos construindo carreira nas ciências forenses, decidiu se reinventar, encontrando na poesia um espaço para explorar sua escrita e as complexidades humanas — amor, dor, identidade, autodescoberta, desejo, culpa, solidão e liberdade. Assim, Obscena Liberdade marca o início de uma nova jornada, onde palavras substituem laudos e pareceres, e os versos expressam aquilo que a ciência, muitas vezes, não consegue explicar.
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